É curioso que o tema seja despertador num dia em que ele não toca para mim. É raríssimo. Santa sexta-feira Santa.
A minha relação com os despertadores é gritante e longa. Não sou dessas pessoas cujo corpo está treinado para às 7h47 acordar e levantar da cama. Não. À noite, cada vez que me deito ponho o rádio despertador, daqueles dos anos 70, programado para as 6h30. Verifico, pelo menos duas vezes, que está na opção para tocar e que não vai ser com falinhas mansas e vozes bonitas da telefonia. Não, eu não sou boa para mim. Escolho a opção estridente (antes fosse tridente) para não me deixar embalar. Quando durmo desligo a máquina e, por isso, um despertador não me chega. Deito-me, programando o bicho histérico e começo a tratar do do telefone. Desde que tenho um telemóvel novo, toca com barulhinhos de uma floresta cheia de passarinhos. De maneira que o ponho a tocar antes do outro. Está tudo estudado com estratégia, o radio despertador é a minha última chance de chegar a horas ao trabalho e, graças a Deus, chego sempre, salvo raras excepções que nada têm a ver com o tema de hoje.
Este trabalho é quase só de verificação porque, na verdade, tudo está feito para tocar todos os dias, de maneira que até nos raros Domingos em que ele pode não tocar, desata aos gritos e isso também sucede quando dormia em casa do meu namorado. Nestas alturas, ele tornava-se o terceiro despertador, acordando-me do meu sono profundo para que desligasse o telefone, que era de madrugada e que eu estava de folga.
E o pior nem é pôr o despertador às 6h30 para na realidade me levantar às 7h45. O pior é que nesses 75 minutos os despertadores tocam a cada 10 minutos desencontrados. De maneira que vou dormindo de cinco em cinco minutos, carregando no snooze até de costas, com o dedo mindinho e, se necessário, com o pé... eu sei lá... às vezes nem me lembro de ter tocado em botão nenhum.
As pessoas, intrigadas, perguntam-me porque é que eu preciso de fazer isto, porque é que o meu snooze não pode tocar só uma vez? Porque se eu me levantar 'de repente' o meu corpo reage como se tivesse levado um susto e isto é mesmo fora de brincadeiras.
Estou sempre alerta. Aliás, sou injusta quando digo que o meu corpo não está programado para acordar à hora certa. Pode não acordar aos 47, mas o meu inconsciente sabe programá-lo para me levantar no último minuto que me permite chegar a horas a qualquer lado e para respeitar todo o tipo de deadlines, se quisermos falar de despertadores sem som.
O meu despertador é o meu inconsciente, mas precisa sempre de uma ajudinha. Ou duas.
PS levanto-me nesta sexta-feira Santa de pastelanço total para ir ao quarto tirar uma fotografia que sirva para ilustrar esta publicação e, pela primeira vez, reparo no desenho do bonequinho ao lado da palavra Snooze. E tenho a certeza que este despertador foi feito para mim
O despertador da Calita
O despertador da Carla
O despertador da Marisa
O despertador da Helena
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