Adoro
caramelo.
Em
termos de iguarias é dos meus sabores preferidos nos gelados, sou maluquinha
por caramelo de manteiga salgada que escolho, sempre que posso, nos
crepes.
Sempre
gostei daqueles caramelos que se iam buscar a Badajoz, sob pretexto de se ir ao
estrangeiro. Ainda hoje me pergunto, tantos rebuçados desses depois, como é que
ainda tenho os dentes em cima das gengivas.
Houve
uma época em que gostava de comprar caramelos numa pequena loja de cafés, que
já não existe, na Rua Nova do Almada.
A
minha relação com o caramelo é sensorial, afectiva.
Vi
o filme Caramelo, de uma realizadora libanesa de que gostei. Achei graça chamar-se
assim. O filme, que conta com cinco personagens femininas, passa-se
essencialmente num salão de beleza. A cera quente lembra o caramelo. Do resto
pouco mais me recordo.
Acho
graça que digam que alguma coisa está em ponto de caramelo, para aproximar essa
ideia da perfeição.
Mais
recentemente, apaixonei-me pelos Best Youth (que tocam hoje no Kalorama,
se puderem não faltem. Há duas músicas que falam de caramelo e que me fizeram
pensar que na nossa vida temos afeição por algumas palavras e que, por isso, as
dizemos e empregamos muitas vezes: "I know what you can't resist,
I put on a show and crave for your, caramel electric kiss", no tema
Ace of pleasure e Kiss but don't tell. What's
going on inside your head. I'll get to you. You're see-through. Playin' it
tough underneath you're caramel. Oh Honeydew. So overdue, no
Feelings.
Tirando
estas historietas, hoje estava sentada numa esplanada a ler e apareceu-me um
Caramelo a falar inglês comigo. Fiquei logo com electricidade nos cabelos. O
que se segue pode parecer de mau tom para alguns. A vida não está fácil, tenho
consciência e eu ajudo sempre que posso pessoas que vivem na rua. Ajudo
primeiro as pessoas mais velhas, que têm menos possibilidades e forças. Mas
hoje, na esplanada da Dom Carlos I, apareceram dois homens a pedir. O primeiro
com humildade e o segundo com arrogância que, naturalmente, seria sinónimo de
outra coisa. Dirigindo-se a mim em inglês, sendo ele português, perguntou com firmeza
se não lhe arranjava 5€. Fiquei a pensar nisso: por que razão um pedinte
estipula montantes. Por pensar que sou estrangeira e que o meu dinheiro conta
menos do que para um português? O desespero? O chico-espertismo? A necessidade
de comprar qualquer coisa com um valor certo, tipo um maço de tabaco?
O
que quer que seja pensei no momento, talvez porque já andava a cirandar com o
tema na cabeça: Olha-me este caramelo!
Disse-lhe
que falava português e que não podia ajudá-lo. Foi-se embora a ralhar comigo.
Depois pus-me a pensar porque é que se pode chamar caramelo a um individuo.
Ainda dei um salto à Infopédia para conhecer todas as declinações referenciadas
relativamente a este vocábulo
Com
tanto Caramelo acho que estou a precisar de meio litro de Caramulo
Foi
o post possível. Desculpem, isto não ficou nada de jeito, mas não quero perder
o fio à meada
Outros pontos de Caramelo
Gralha Dixit
A gata Christie
A curva