cela me rassure d'avoir la confirmation qu'il est des choses qui demeurent intactes * philippe besson

one of the secrets of a happy life is continuous small treats * iris murdoch

it's a relief sometimes to be able to talk without having to explain oneself, isn't it? * isobel crawley * downtown abbey

carpe diem. seize the day, boys. make your lives extraordinary * dead poets society

a luz que toca lisboa é uma luz que faz acender qualquer coisa dentro de nos * mia couto





26.3.20

há sempre alguém


se os tempos fossem outros daqui a pouco ia à drogaria comprar cola.
sou cliente do meu bairro. gosto do comércio tradicional, gosto da proximidade geográfica e humana e sei que se não abrirmos a carteira a estas lojas elas acabarão por desaparecer. na maioria das vezes, o atendimento e o serviço são melhores e nem sempre as coisas são mais caras. houve sempre alguém que pode vir trazer as compras a casa, fora do tempo do covid. há sempre alguém que atende o telefone e pode vir arranjar o frigorífico ao sábado à tarde. há sempre alguém que te explica como se limpa uma cadeira antiga, estofo e madeira. há sempre alguém que te diz quais os ganchos mais adequados para pregar, em paredes que se desfazem, as tuas molduras do século passado. há sempre alguém que te lembra que os teus bolos preferidos chegaram. há sempre alguém com uma máquina que corta o pão de mafra em fatias mais finas. há sempre alguém que te diz tem cuidado (ah!) adoro isto, as pequenas atenções do quotidiano que nenhuma loja de  centro comercial tem. a verdade é que há sempre alguém do outro lado que sabe conversar e que não debita um discurso aprendido. 
quando tudo passar e ficarmos bem, como se diz agora,  vou lembrar-me disto sempre. não quero viver num lugar-fantasma. no que depender de mim, o comércio do meu bairro não desaparecerá

20.2.20

écrivons-nous


deixou de haver postais bonitos nos expositores de rua. acho que por isso, mas também por termos acompanhado os tempos, por vivermos uma época em que tudo tem de ser muito rápido e rentabilizado e por termos uma consciência ecologica maior, entre outras razões, deixamos de escrever e enviar postais.

estes são um lindo presente da ilustradora francesa valérie linder, com quem tenho o enorme prazer em estar a trabalhar esta semana.

hoje, ela vai estar a conversar comigo e com a anne lima, das edições chandeigne, sobre lisbonne balades dessinées, um livro com desenhos de lisboa feitos com aguarelas e lápis de cor.

estes postais vão voar porque não quero que o encanto das pequenas coisas desapareça dos meus dias porque é bom partilhar coisas bonitas e porque estou farta de achar que as caixas de correio são lindas por fora e uma desolação por dentro.

17.2.20

na muda acontece


antes de sair de casa tirei esta fotografia pensando que quando voltasse talvez já nada fosse igual. regressei de noite e encontrei tudo no mesmo sítio. e embora goste da serenidade que há no facto de algumas coisas poderem manter-se intactas dei voltas à cabeça e pensei que é tempo de mudança. sem slogans políticos.