sozinha em casa, esta semana, deu para relembrar como eram os tempos antes da barriga grande e antes de mademoiselle chegar à minha vida. se fiquei triste nos dois primeiros dias, nos dias que se seguiram senti um prazer enorme em poder aproveitar o tempo sem olhar para o relgio, sem correr, sem pensar na cozinha e em tudo o que se pensa quando se tem um bebé. muitas vezes, quando senti este prazer culpei-me por isso. gostar de estar comigo nao significa que nao goste de estar com outras pessoas e, nomeadamente, com a minha filha. adoro os fins de semana com ela, adoro ir busca-la à creche adoro vê-la crescer, adoro brincar com ela, adoro quando damos mimos. mas a verdade é que eu vivi 37 anos comigo, com a minha maneira de ser, com os meus silencios, com os meus habitos, com as minhas referências, isso esta inscrito em mim e dificilmente se apagara.
esta semana devia ter sido o concerto de belle and sebastian, mas acabou por ser cancelado. a p. veio do algarve, na mesma, e passamos uma semana como as de antigamente, versao 40's. tinha prometido ao meu pai que jantava com ele todos os dias, mas so consegui cumprir no dia de s. martinho. o resto dos dias andei por ai. jantar no coral, jantar no escondidinho, jantar no sophia la loca, voltei a jantar no coral. aperitivos no camoes, bares depois do restaurante, estar com pessoas que nao via ha muito tempo, passear pela cidade, tudo sem relógio (apesar de ser acessorio que nao uso, tenho um invisivel na minha cabeça). e depois, acordar para ir trabalhar e sair so com a mala a tiracolo, chegar o fim de semana e nao ter horas para acordar. despertar ao domingo e poder escrever no computador deitada na cama a ouvir a radar.
as maes também precisam destes dias. e agora penso, olhando de fora, que se tivéssemos que culpar-nos por alguma coisa, devia ser por nao passarmos tempo connosco.
… mas à medida que o tempo passa sinto borboletas na barriga com a ideia de abraçar mademoiselle...
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