hoje fizemos mais uma rentrée, desta vez, para as turmas que maternelle que vêm visitar a biblioteca todos os meses. às quintas-feiras, a mediateca fecha as portas ao publico geral para dar lugar aos publicos especificos. é curiosa a relaçao que se cria entre as bibliotecarias, os professores e as crianças. às vezes nao existe nada, outras nasce uma grande cumplicidade e ha uma grande satisfaçao no trabalho que desenvolvemos em conjunto. muitas vezes, a dinâmica das crianças é um reflexo da dinâmica dos professores. este ano conheci uma professora nova e voltei a encontrar mme b. com quem ja trabalho ha 3 anos. gosto muito dela. da tranquilidade que transmite sem ser mole, do lado humano, da forma como ela da lugar e palavra a todas as crianças e interage com elas. a primeira visita do ano é sempre para relembrar as regras da mediateca, os direitos e os deveres dos pequenos leitores. depois fazemos grupos pequenos onde lemos historias escolhidas pelas crianças e, no final, eu leio um livro a todos. para a historia com as 3 crianças que estavam comigo pegamos no "fais pas le clown", um livro interactivo em que é preciso fazer o que ele nos "diz" e em que se levanta uma janelinha e se encontra uma surpresa e uma resposta. estes livros têm sempre muito sucesso porque ha uma relaçao causa efeito que normalmente é muito divertida e porque todas as crianças querem participar e levantar a janelinha. penso novamente que estes livros podem nao contar historias, podem funcionar como "livros-jogo", sao um ponto de partida para se entrar neste universo. o livro é um objecto e para algumas crianças é preciso que tenha uma representaçao positiva para desbloquear um interesse.
esta turma tinha 3 crianças portuguesas, uma rapariga e dois rapazes, um deles acabado de chegar a frança que, de francês, pouco ou nada percebia e ainda menos falava. eu explicava que, de forma geral, a biblioteca é um lugar onde nao se faz barulho porque ha muitas pessoas a ler e quando se lê é bom nao ter barulho à volta, mas que hoje ainda era preciso ser mais silencioso porque mesmo ao nosso lado, uma parte das bibliotecarias estava a aprender a falar inglês. eles disseram que sim com a cabeça e depois eu perguntei se conheciam alguma palavra em inglês. responderam que nao e entao pedi, em francês, ao menino português que nos dissesse como é que se dizia bonjour em português, mas ele nao percebeu. voltei a pedir falando mais devagar. continuou sem perceber. entao pedi-lhe em português e ele ficou de boca aberta a olhar para a professora, certamente a pensar no que se estaria a passar. nem sabia ja o que dizer. mas perante os rostos dos colegas todos virados na direcçao dele disse timidamente "bom dia". quando formamos os grupos de leitura quis ficar comigo, encostadinho a mim. e quando se foi embora, depois da historia, le petit arbre qui chantait, despediu-se orgulhoso, porque naquele grupo so ele e eu é que conheciamos o significado da palavra "ààdeeeus"!
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