Foi este o ano que revolucionou a minha relação com o Verão.
Sou uma rapariga do Outono, gosto de folhas castanhas e secas, gosto do cheiro da terra molhada, das primeiras temperaturas frescas, de dormir de janela aberta ao som da chuva e com o edredão até ao nariz. Gosto dos cortinados desviados enquanto vejo as pingas grossas caírem através dos vidros. Gosto de um chazinho quando tenho frio e de ter mais livros do que o resto do ano em cima da mesinha de cabeceira.
Porém deu-se uma revolução este ano.
Aguentei o calor, dentro do carro, com quatro pessoas lá dentro, sem ar condicionado, sem janelas atrás e com o vidro do copiloto avariado. Tinha um mês de férias pela frente apenas com uma semana planeada. Pensei que seria o primeiro mês de Agosto em que poderia ficar a descansar três semanas seguidas, ganhando energia para o resto do ano. Já imaginava os pratos a acumularem-se no chão, ao lado do sofá e de garrafas ora em pé ora caídas pelo bowling que o meu gato faria quando perceberia que eu ainda não tinha morrido. As beatas dentro de um cinzeiro de uma não fumadora, a televisão acesa dia e noite. As revistas e livros espalhados nas costas do sofá.
Não eram planos que eu tivesse feito, mas pareceu-me que seria o mais provável que acontecesse.
Sucede que sem planos somos sempre surpreendidos.
Se uma pessoa às vezes é capaz de revolucionar uma coisinha ou outra na sua vida isso pode pôr tudo de pernas para o ar. Que exagero só para admitir que agora já gosto de Agosto. Olha o verbo gostar dentro de Agosto.
Bastou uma mensagem para tudo aquecer para além dos 37º que nos acompanharam este Verão. Praias fluviais, barragens, banhos quentes, caipirinhas dentro de água, piqueniques, marisco à beira-mar, festas nas terrinhas, comida maravilhosa, banhos noturnos e sem roupa, na piscina, como se fossemos outra vez adolescentes sem preocupações de quem já vive há meio século. Fins de semana em família, mais fins de semana com amigas, conversas até tarde, rosé, risadas, mimos, descobertas, até jogos da bola no estádio. Como é que uma rapariga podia não gostar do Verão? Deste Verão?
Um mês de agosto assim, nunca tinha tido. 30 dias com o saco vermelho à porta, pronto para pôr só mais quatro pares de cuecas e partir uns dias, sem esquecer de voltar a casa para dar comida ao gato.
Sem querer as coisas foram muito bem feitas. Durante um mês o universo conspirou a meu favor e eu agradeço-lhe muito muito por isso.
Agora falando de coisas sérias, quando ouço a palavra revolução penso sempre e acima de tudo em A B R I L e o quão próximo temos de estar dela porque os tempos não estão para distrações.
Mulheres revolucionárias:
Carla , A curva
Mariana , Gralha dixit
Rita, Boas intenções
Maria João, A gata Christie
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