nao me canso de olhar para a sidonie. acho que ela começa a perceber quais sao os meus dias de folga que acabam por ser também os dias de folga dela. suspira, espreguiça-se e aninha-se nos cobertores deixados em cima do sofa na noite anterior. de vez em quando levanta a cabeça de olhos fechados e fica assim dois minutos. entao, abre um olho, depois o outro e vê-me sentada no sofa do lado. estica-se e salta para os meus joelhos. quando eu paro de lhe fazer festas e continuo a teclar ela regressa ao ninho. para mim a sidonie representa tantas coisas... ela é a beleza, uma gata com um pelo magnifico, mas é também o silêncio, o ocio, a traquilidade, os mimos, a inteligência, o mistério, o tempo para pensar, o tempo para observar. ela é uma das poucas coisas que me faz ficar contente quando regresso das férias... nunca a poderia levar comigo porque sei que nao seria feliz, porque nao poderia andar atras dos ratos e dos passaros, nao poderia afiar as unhas nos murinhos de madeira, nao poderia sentar-se no meio dos prados e sentir o sol do fim de tarde no nariz e nos bigodes e a brisa morna a abanar-lhe ligeriamente o pelo... afinal ela é uma gata selvagem que viu em nos um lugar de segurança. mas quando paro a olhar para ela e me pergunto "se ela pudesse escolher o que preferiria" acho que a resposta é a natureza ao aconchego de uma casa...
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