cela me rassure d'avoir la confirmation qu'il est des choses qui demeurent intactes * philippe besson

one of the secrets of a happy life is continuous small treats * iris murdoch

it's a relief sometimes to be able to talk without having to explain oneself, isn't it? * isobel crawley * downtown abbey

carpe diem. seize the day, boys. make your lives extraordinary * dead poets society

a luz que toca lisboa é uma luz que faz acender qualquer coisa dentro de nos * mia couto





14.11.15

sabado 14


estava no restaurante e vi, na pequena televisão, pendurada na parede do fundo, a police, mas nao liguei. o jantar prosseguiu, a noite terminou e quando cheguei a casa e me liguei ao facebook paris, frança e o terrorismo tinham-me invadido a casa. percebi entao que se estava a passar e fiquei sem palavras.
dormi. acordei e passei uma parte da manha a ver a televisão francesa e a chorar. que horror. que horror. q-u-e h-o-r-r-o-r. fui para debaixo do chuveiro, preparei-me e sai. nao com os planos que tinha feito de vespera. tinha o coraçao apertado e o estomago às voltas. de repente até lisboa me pareceu insegura. apanhei o primeiro autocarro que passou e fui até ao marques de pombal. desci a avenida da liberdade a pé, do lado interior dos passeios a feira de antiguidades, do lado exterior os passeios quase vazios. a calçada imensa, o sol a passar através das folhas amarelas das arvores. fechei os olhos e deixei-me ficar assim, breves segundos. continuei a descer. hoje, apesar do tempo achei que faltava luz a lisboa… ou entao era a mim que faltava essa luz. lisboa pareceu-me velha, abandonada. lojas luxuosas no meio de predios a caírem aos bocados. restauradores. chiado. ha quanto tempo ja nao ia para ali? ha muito. tanto que nao sabia que a loja da ana salazar ja tinha fechado, que a eric kayser do chiado ja nao existe na rua do carmo e que se mudou para o café fnac e serve croissants da véspera. no sitio da stradivarius ha agora uma loja de telemoveis. durante 4 anos achei que "o chiado era meu". enquanto esperava que a h&m confirmasse se tinham uns tenis noutra loja olhei pela janela dos provadores e vi a rua do crucifixo. olhei para a "minha" janela e lembrei-me das manhas cinzentas, da luz amarela do candeeiro, na minha secretaria. lembrei-me do predio da frente, abandonado e sempre achei que a rua era ainda mais sombria por causa dele.
nao havia os tenis. sai pela rua da prata e passei pela livraria onde venderam os primeiros cinco exemplares da revista orpheu. como é que uma livraria, que recebeu um acontecimento assim, passa tao despercebida. rua augusta. rua da conceição, precisava de comprar um fecho para uma mala e tinha a certeza que encontraria por ali, mas parece que consigo ser mais vintage do que as retrosarias da rua da conceição. comprei um gancho para prender o chignon e voltei para tras. a curiosidade das novidades da reabertura levou-me à benetton. queria ver os tectos dos antigos armazens ramiro leao e queria ter tempo para admirar o elevador.
olhei para o espelho e perguntei quem somos. o que estamos a fazer. o que nao estamos a fazer.

nao tive resposta.

voltei para casa. estou aparentemente segura, agora. aparentemente. agora.


Sem comentários: