foi por pouco que nao te abracei. talvez tenhas fechado os olhos quando eu ia na estrada das laranjeiras, antes de virar de virar na esquina do barcklays. se eu te tivesse abraçado, talvez nao tivesses fechado os olhos. ou talvez os tivesses fechado, como se estivesses a dormir no meu colo. talvez. talvez.
eu sabia que este dia podia acontecer a qualquer momento, so nao imaginei que quando te deixei la às 3h da manha ia ser nesse mesmo dia. mais uma urgencia, mais medicamentos depois de fortes convulsoes e tu deixaste-me sidonie. e eu percebo sem perceber bem. quero acreditar que foi o melhor, mas o melhor (que é uma palavra grande) seria teres ficado comigo para sempre, até sermos as duas muito velhinhas. e seria uma amizade longa e intensa, porque tu foste a minha mais fiel amiga destes ultimos quatro anos, eras a encarnaçao dos alpes em lisboa, a maior prova de que essa minha vida tinha existido e tinha sido bonita, com encontros maravilhosos como o nosso. sidonie, nos percebiamo-nos como ninguém e isso é tao inacreditavel e nao ha palavras que façam as pessoas à nossa volta acreditar. acreditar que tu corrias atras do meu carro até ele desaparecer, acreditar que quando eu ia ao correio tu cortavas caminho para chegares antes de mim e ires esperar-me à porta, acreditar que tu nao gostavas que se falasse alto e, quando isso acontecia, aproximavas-te do meu queixo e davas-me marradinhas. sidonie, o chouriço na varanda do meu quarto e os cortinados abertos para a minha cama serao sempre o teu lugar ao sol, o tapete do quarto sera sempre o teu lugar em frente ao aquecedor todas as manhas. o quarto do lado sera sempre o quarto da sidonie onde nos dias bonitos varios raios de sol brilhavam no chao e tu ias la sentar-te de olhos fechados. o armario do corredor tera sempre a porta entreaberta para tu saltares la para dentro, o movel dos sapatos tera sempre um espacinho para te aconchegares, metade do sofa da sala sera sempre teu e do teu ronron maravilhoso. na minha cama havera sempre um sitio junto à minha barriga para dormires, mas sidonie, o meu coraçao sera sempre teu, o meu amor também, onde quer que tenhas ido, nos prados do paraiso, seras sempre o meu grande amor. grande. grande. inexplicavel grande amor.
ontem cheguei demasiado tarde. tu ja dormias um sono irreversivel e eu abracei-te, beijei-te, chorei-te. chorei de te ver tao bonita em cima da mesa. magnifico pelo, com as patas graciosamente cruzadas, a lingua cor de rosa a deixar-se ver ligeiramente e os olhos semi serrados. estavas quentinha, ainda. quentinha é uma palavra que sempre ficou bem a uma gata do frio e da neve.
sidonie, esta imagem somos nos duas. todos os dias da nossa vida.
12 comentários:
♥
Sabes que neste momento já estou a chorar e a apertar com força uma Nônô ensonada e confusa, não sabes?
:((((( a Sidonie agora dorme aquele soninho em paz que os gatos adoram dormir.. Um abraço!
Oh, não ...
Um beijinho, um abraço, J.
Opá, parte-se-me o coração... :(
:(
Um beijo enorme, é tudo o que posso dizer!
Minha querida filha - só quem tem bichinhos sabe dar o valor a este momento - Foram momentos muitos difíceis para ela e muito angustiantes para ti.Tudo fizeste para a salvar e ela sentiu isso.
Agora ficam estas recordações lindas neste teu blog maravilhoso.
A Sidonie está em paz e muito grata por todo o amor que lhe dedicaste.
És uma menina muito linda e eu tenho muito orgulho em ti <3 <3
Grande texto (e foto). Beijo.
Sinto muito...
Pronto, continuo a chorar por causa da Sidonie e agora choro por causa das palavras da 'avó'!
:-*
♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
é dos textos mais lindos que já li na vida. Parabéns por este poder raro de tocar fundo "cá dentro", através das palavras. Descobri agora o blogue e já não o vou deixar <3
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