penso rápido. quem e que se lembrou de colar velocidade a um doi-doi
hoje o trabalho levou -lhe ao chiado, aonde já não ia há uns bons tempos. enquanto subia a rua da misericórdia e descia a rua do carmo pensava que não tinha perdido nada. tornei-me naquelas pessoas velhas que acham que antes é que era, que os cafés de hoje não têm alma, que são cheios de pirete e nómadas digitais agarrados ao telefone, conectados com o mundo inteiro menos com a pessoa que está à frente deles (como diz o luccini) e que os jovens não sabem fazer nada nem sequer ser. porém tenho uma filha e acho que ela é capaz de tanto. entrei na ponto das artes, na rua ivens, para comprar tinta acrílica e contra todas as minhas teorias fui atendida com excelência por uma rapariga nova. fiz o que tinha a fazer e regressei ao trabalho a pé, assistindo às mudanças que me empurram cada vez mais para o meu bairro onde, agora, se encontram granadas nos canteiros.
os nómadas estão cá, o digital tomou conta de nós, mas ainda há discotecas com néons em ruas sombrias que nunca se livrarão da fama que tiveram em tempos de marinheiros e de portos e navios.
o fernando pessoa continua na mesma mesa, rodeado de turistas e de duas esplanadas. pergunto-me o que pensaria de lisboa, tal como está agora. teria interesse em conhecer aquela gente? as pessoas mandam parar o eléctrico no meio da estrada para que a fotografia saia como elas querem. olho para a porta onde tantas vezes 'sentamos os rabos' a comer os croissants com chocolate da benard.registo a imagem com os degraus e mando a fotografia para o pl. desço a calçada do combro, há pouca gente porque a tempestade está a aproximar-se. hesito em seguir pela rua do poço dos negros ou pela rua dos poiares de são bento e opto pela primeira. o zapata diz que está encerrado para férias e alguém assinala a apologia do descanso. logo a seguir indica encerramento por motivos de saúde. o coração também serve para aquela justificação. está escrito à mao, numa toalha de mesa, em papel.
vou subindo e descendo os passeios estreitos para me desviar das pessoas. os meus cabelos voam com o vento. o zapata e a bénard são um pouco do que resta da cidade
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