cela me rassure d'avoir la confirmation qu'il est des choses qui demeurent intactes * philippe besson

one of the secrets of a happy life is continuous small treats * iris murdoch

it's a relief sometimes to be able to talk without having to explain oneself, isn't it? * isobel crawley * downtown abbey

carpe diem. seize the day, boys. make your lives extraordinary * dead poets society

a luz que toca lisboa é uma luz que faz acender qualquer coisa dentro de nos * mia couto





4.4.16

saudades


ha dias em que a saudade bate. nao sei que dias sao esses, nao sei como aparecem nem porque vêm. às vezes é uma palavra, às vezes é a cor de um dia, às vezes é a musica de um reclame na televisao francesa… às vezes nao é nada consciente. 
sábado saimos de casa cedo para as compras no bairro. bebemos um café no sr. joao, eu comi uma trança de nozes e ela um queque. ja se senta na cadeira sozinha e gosta de ver passar os autocarros pela janela grande. dali fomos à padaria comprar pao de mafra e bolachinhas em forma de coraçao para o avô. entramos no mercado para comprar frutas e legumes. trouxemos abacates, que quase so conseguimos comprar por encomenda. no outro dia levei varios e o senhor da banca, intrigado, perguntou-me como é que eu os comia. trouxemos, no saco das compras de pano, o alho francês, as curgetes, os nabos, as peras, os morangos. saimos e fomos até ao parque ali ao lado, correr e descer pelo escorrega. seguimos pela estrada de benfica fora, paramos no senhor ferreira onde tinhamos deixado dois queijos frescos grandes encomendados. e nao resistimos à caixa de framboesas, a preço proibido. pequenos prazeres. voltamos a casa e o dia ficou cinzento. brincamos, rimos, demos mimos, cantamos e dançamos. depois ela adormeceu e eu abri o frigorico, tirei o chèvre e as framboesas. do armario tirei este parto que esteve quase a ir para o lixo. pousei, ao acaso, o lanche e o meu prato pareceu-me um conto de fadas. lembrei-me dos coelhos brancos nas noites de neve, dos veados, do senhor que fazia e vendia queijos numa das curvas da estrada das montanhas, do mês dos mirtilos e das framboesas em que as filas do supermercado estavam recheadas de pessoas a compar pacotes de açucar para fazer compotas. ha alturas em que me parece que tudo isto aconteceu no outro dia. outras parece que foi ha seculos. outras parece que foi num sonho. outras, noutra vida. 
e foi mesmo.

2 comentários:

claudia disse...

esse prato para o lixo...??? fico contente por não ter acontecido :)
as "outras vidas" invariavelmente,acabam sempre por nos arrancar minutos ao tempo presente, sempre. Malgré nous. ;)

Mam'Zelle Moustache disse...

as saudades... ao ouvir a música de um reclame na televisão francesa. como te entendo. tanto.


p.s. teria sido um verdadeiro crime, teres mandado esse prato para o lixo. :)