querida sidonie,
na gaveta das fotografias-memoria, fechada com a chave em forma de coraçao, tenho encontrado algumas imagens preciosas que me transportam para dias inesqueciveis.
todos os dias que passamos juntas estao registados e guardados, quentinhos. mas houve tempos mais maravilhosos do que outros e o tempo desta fotografia, do verao em que nos trouxeste a libellule, foi um desses momentos. lembro-me de acordar a meio da noite e de afastar o cortinado para ver como estavam e de vos ver dormir uma em cima da outra, ou enroladas, ou torcidas. pelo no pelo. lembro-me de nos deixares ver ensinar-lhe a tantas coisas e foi lindo vê-la aprender aos poucos, a olhar para ti, a imitar-te. lembro-me dos dois furoes que nos deixaste à porta quando lhe mostravas como caçar. lembro-me das horas que passavas neste cestinho que te permitia ter um campo de visao largo e poderes defender a tua cria com tempo e astucia. e lembro-me de pores todos os caes a correr a sete patas cada vez que se aproximavam da libellule. lembro-me das vossas tardes na relva. nesse tempo, nunca querias entrar em casa, porque ela também nao queria. e depois chegou o outono, nos viemos de férias, vocês ficaram nos prados e quando regressamos tu vieste a correr receber-nos. a libellule so aparecia de vez em quando, com o gato preto e branco. e um dia deixamos de a ver. talvez alguma familia a tenha levado. e tu… tu pudeste entao regressar a casa.
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