cela me rassure d'avoir la confirmation qu'il est des choses qui demeurent intactes * philippe besson

one of the secrets of a happy life is continuous small treats * iris murdoch

it's a relief sometimes to be able to talk without having to explain oneself, isn't it? * isobel crawley * downtown abbey

carpe diem. seize the day, boys. make your lives extraordinary * dead poets society

a luz que toca lisboa é uma luz que faz acender qualquer coisa dentro de nos * mia couto





19.1.08



desde que o ano começou tenho mais esperança nas pessoas… esta ideia faz-me sempre pensar numa música dos new order que enviei à p. e ao responder-me ela dizia precisamente isso…

ainda não tinha falado sobre este assunto aqui no azul turquesa… porquê não sei exactamente… é um assunto que me tem ocupado bastante nos últimos tempos. há cerca de um mês que andamos a preparar uma exposição sobre portugal na mediateca. porquê? primeiro, talvez por eu ser portuguesa, depois porque a comunidade portuguesa é bastante significativa na vila onde está situada a mediateca e em consequência disso criou-se uma secção de livros em português (sobre isto já tinha falado). na verdade, toda a ideia partiu daqui. queríamos dar a conhecer isso às pessoas e achamos que a melhor forma de celebrar a ocasião era fazer três semanas de animações sobre portugal. estas três semanas têm apenas uma “animação” contínua que é uma exposição de livros de autores portugueses traduzidos, livros em língua original, livros infantis em português e de autores de nacionalidade portuguesa traduzidos em francês, livros de gastronomia e fotografias sobre portugal e livros cuja história se passa algures em portugal. pensei num programa e decidi então (com o consentimento da hierarquia, claro) que haveria um filme e uma prova de especialidades, na primeira semana. o filme escolhido foi o “capitães de abril” (que, importa referir, o meu irmão viu pela primeira vez nesse dia) e depois, para obtermos a atenção dos portugueses afixamos vários cartazes para nos ajudarem a fazer algumas especialidades portuguesas para dar a conhecer às pessoas. sei que deve haver aproximadamente 100 familias portuguesas nesta vila e destas 100 apenas 3 entraram em contacto comigo para participar. fiquei desmoralizada… eu que andei a dizer alto e em bom som que os portugueses eram um povo generoso e de farra. depois não me apeteceu fazer mais nada por mais que tentasse acreditar na sabedoria popular, repetindo frequentemente “só faz falta quem cá está”, “somos poucos mas bons” entre outros que agora não me ocorrem (tu certamente lembrar-te-às de outros, querida pat.). MAS, uma semana antes da dita noite filme+prova especialidades aparece uma senhora a dizer que estava interessada em participar e que trazia vários nomes de outras famílias que tinham a mesma intenção. resumindo isto, o filme teve imensas pessoas, mais do que alguma vez tinham tido a uma segunda-feira (porque são filmes específicos e de autor) e depois do filme houve imensas pessoas para provar a nossa deliciosa gastronomia, portugueses e franceses todos misturados de volta das mesas. tinham as caras iluminadas. e eu também. no final até queriam cantar o fado. e na sala ouvi várias vezes dizer que gostavam de repetir aquela noite. a mesa era linda, colorida, cheirosa e havia comida com fartura. tudo feito por aquelas centenas de mãos engenhosas… e com toda a generosidade. esta quarta-feira que passou foi a hora do conto, em francês contado pelas minhas colegas e em português contado por mim. veio o coro das crianças portuguesas da escola do centro e as respectivas dezenas de famílias para os ouvir… a eles e a nós. as mesmas famílias da noite do filme e dezenas de novas famílias. nessa tarde distribuímos uma receita às crianças que estava no livro de contos sobre a lenda das amendoeiras do algarve. nas dias que sucederam cada animação, houve pessoas que vieram à mediateca para pôr à disposição livros sobre Portugal, houve crianças que fizeram os bolinhos da receita e vieram com um cestinho deixar uma mão cheia deles às bibliotecárias… e, hoje, a senhora que ficou emocionada com as pessoas que cantaram “grândola vila morena”, em uníssono, com os soldados, durante o filme e que me pediu para lhe traduzir a letra para francês veio oferecer-me um pacotinho de chocolates artesanais… acho que em 29 anos que vivi em Lisboa nunca assisti a tanta generosidade, empenho, a tanta humanidade como nestas duas semanas… afinal há esperança…

7 comentários:

hazey jane disse...

deve ter sido tão bonito e tão comovente...

Anónimo disse...

gooooooooooooooooo siss.hehehe deves estar radiante.força A.P.B.S.M.
Brow

Nuno disse...

Não tenho pena não ter conseguido mandar-te o DVD a tempo! Qual foi o filme que passaram? Fico contente por tudo ter corrido bem ao fim ao cabo :)

J. disse...

o filme foi o "capitaes de abril" ;)

Anónimo disse...

que lindo amiga!

Unknown disse...

Este post lembra-me tanto algumas das coisas que vivi por terras alemãs! Acho que as pessoas são mais calorosas lá fora...

Beijinhos*

J. disse...

em relaçao à minha experiência penso que os portugueses sao mais bastante mais calorosos do que os franceses :)