cela me rassure d'avoir la confirmation qu'il est des choses qui demeurent intactes * philippe besson

one of the secrets of a happy life is continuous small treats * iris murdoch

it's a relief sometimes to be able to talk without having to explain oneself, isn't it? * isobel crawley * downtown abbey

carpe diem. seize the day, boys. make your lives extraordinary * dead poets society

a luz que toca lisboa é uma luz que faz acender qualquer coisa dentro de nos * mia couto





21.8.16

lisboa azul e branca


depois de uma semana de conversas e de programas televisivos sobre lisboa, o turismo e os "refugiados fiscais", sobre o descontentamento alfacinha do facto de lisboa estar a ser cada vez menos nossa, de tudo o que fazia da cidade uma capital charmosa estar a dar lugar a hoteis e mais hoteis, das pessoas que moram aqui estarem a viver como numa pensao em que os vizinhos sao agora turistas, decidi ir para os lados da graça e alfama ver as vistas e o ambiente. peguei no carro e fui em direcçao ao largo da graça. desci pela voz do operario. estava tudo calmo às 11h30. uns quantos tuc-tuc, alguns turistas de guia na mao, mas suportavel. estacionei num dos lugares dos feirantes, hoje de folga, e desci até ao quiosque. vi um cafe no lugar de um prédio que até ha relativamente pouco tempo atras me lembro de estar  abandonado. uma porta lindissima, com vista para o tejo e estava abandonado. mas alguém conseguiu pegar nele e fico contente. desci pelo jardim e arranjei uma mesa no quiosque, virada para o rio. pedi uma italiana e uma garrafa de agua e fiquei a apreciar o silencio e a admirar o panteao. nao é novidade para ninguem que me conheça que é o sitio de que mais gosto em lisboa. o terraço. magnifico. a vista é deslumbrante,  o jogo de luzes e sombras também, o silencio do tejo mais intenso. creio que ja nao subia la acima ha uns dez anos. esta diferente. tem mais movimento, esta assinalado, enfim, tornou-se um "monumento turistico". quando desci passei pela loja de souvenirs e a rapariga meteu conversa comigo. perguntou-me se tinha visto o filme sobre o panteao no quarto andar. respondi que nao, mas que ia voltar a subir. e perguntei se havia um elevador. estava calor e nao me apetecia subir tudo outra vez. e com um piscar de olho ela levou-me ao elevador da igreja de santa engracia. afinal, todas aquelas portas a cada andar, com ar de portas de manutençao, sao o elevador do panteao. senti-me num esconderijo. vi o filme e lembrei-me do filme do farol do cap ferret. voltei a descer, agora a pé e aos saltinhos. sai e vi muita gente ca fora. comecei a subir em direcçao à feira da ladra e quase na curva virei-me para tras. lembrei-me de todas as noites de frente para o panteao iluminado e de tantas vezes ter pensado que estava no centro da capital, num lugar turistico e estava sozinha. vi alguns prédios serem recuperados, tanta coisa a cair aos bocados num lugar preveligiado e quem pegara nisso tudo serao os "estrangeiros". viver ao lado do panteao, de frente para o tejo é quase como viver ao lado da torre eiffel.  e aquele bairro que durante tanto tempo foi desconsiderado, olhado como pobre, inseguro… no que ele se esta a tornar… "tao crescido!"

2 comentários:

rosa disse...

Já tinha tantas saudades de te ler... <3

Deriva disse...

Acho que o turismo tem trazido mais benefícios à cidade. É verdade que ficou impossível andar de eléctrico em certas zonas, é verdade que os turistas deixam vestígios (detestei ver que o miradouro da senhora do monte está cheio de cadeados de juras de amor, a imitar os das pontes em paris ou Florença)...mas acho que o impacto é deveras positivo.