cela me rassure d'avoir la confirmation qu'il est des choses qui demeurent intactes * philippe besson

one of the secrets of a happy life is continuous small treats * iris murdoch

it's a relief sometimes to be able to talk without having to explain oneself, isn't it? * isobel crawley * downtown abbey

carpe diem. seize the day, boys. make your lives extraordinary * dead poets society

a luz que toca lisboa é uma luz que faz acender qualquer coisa dentro de nos * mia couto





10.8.10

coincidências i



ha muitos leitores da biblioteca onde trabalho que não gostam de procurar livros pelos corredores, então limitam-se às devoluções que estão no carrinho por arrumar. com necessidade de justificarem esta atitude dizem que se outras pessoas os levaram de emprestimo é porque devem ser boas leituras. embora não concorde com esta teoria acabo por sorrir, mais pelo pretexto do que pela razão. temos percebido isso cada vez mais, que as pessoas não gostam ou não têm tempo para procurar leituras que lhes interessem e por isso acabamos por fazer criticas de livros que lemos e por pôr “cintas” com a frase “coup de coeur des bibliothécaires” à volta de alguns titulos que gostamos de ler. nos dias em que tenho mais tempo percorro as estantes à procura de livros que li e de que gostei. as minhas escolhas acabam, muitas vezes, por ir para leituras antigas e no sabado passado resolvi percorrer as estantes dos documentarios/ensaios. entrei no corredor dos 600, na classificação decimal de dewey, e o meu olhar parou n’ “o homem que confundiu a mulher com um chapéu” do oliver sacks. pensei que tinha lido aquele livro ha mesmo muito tempo, nos primeiros anos de universidade e tinha gostado imenso destes relatos sobre a memoria. agarrei nele para pô-lo no expositor dos "preferidos das bibliotecarias" enquanto olhava para o livro ja muito usado e amarelado, imovel na estante desde 2007.

a manhã passava devagar. depois de uma semana de chuva veio o sol e os leitores preferiram passar a tarde ao ar livre. e pouco tempo antes da biblioteca fechar veio uma rapariga que nunca tinha visto. cumprimenta-me com um “bonjour” e enfia-se algum tempo no corredor dos romances, sem passar pelo dito expositor. e para minha grande perplexidade vem até à mesa dos emprestimos e diz-me “não têm o livro do oliver sacks que se chama qualquer coisa coisa como “l’homme qui prenait sa femme pour un chapeau”? fiquei 5 segundos sem resposta a olhar para ela e quando a vi levantar o sobrolho apontei para o meu lado direito e disse que tinha acabado de o pôr ali. ela ficou quase tão surpreendida como eu. entregou-me o livro, eu registei-o, ela sorrio e disse "au revoir".

ficou um espaço vazio no expositor, se tivessemos o “caderno vermelho” do paul auster tinha-o posto a substituir...

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