Sobre plantas tenho cinco ou seis coisas para dizer.
Desde que me lembraram que o tema era planta que ando aqui a tentar descobrir qual era o jingle da manteiga que fazia bem ao coração. Só encontrei Flora, o sabor que a gente adora. Nem há nada de jeito que rime com planta. Na verdade, só me ocorre anta que deve ser qualquer coisa parecido com um pãozinho sem sal e que sem dúvida corresponde a este tipo de manteiga.
Plantei uma árvore quando andava na 2ªclasse, numa escola na Lapa, onde é hoje o restaurante Clube dos Jornalistas. Um dia, já adulta, fiquei a jantar no exterior, no recreio, portanto, e passei a noite a olhar para a flora, mas não fui capaz de a descobrir. Lembro-me da tarde em que a plantámos, eramos uma data de miúdos e, perante o pé minúsculo do arbusto, nunca acreditámos que um dia se tornasse árvore. Fizemos a pergunta e responderam que só dali a 20 anos seria grande. Nesse dia, não sabia ainda projetar-me no tempo, mas achei que era muito trabalho e alarido para não ver resultados imediatos.
Nunca tive a mão verde (la main verte). Morrem-me todas as árvores e plantas quando se trata de a responsabilidade ser inteiramente minha. Uma vez, quando vivia nos Alpes, fiquei incumbida da rega das plantas de uma colega que tinha ido de férias. Quando ela regressou estava tudo morto. Água a mais, Água a menos, nunca saberei. Da mesma forma que não sei pôr sal em quantidades certas na comida. Sou uma mulher com peso e sem medidas.
Hoje namoro com um lindo 'jardineiro'. Conhece o nome de todas as árvores, plantas e pássaros. Sabe como vivem e do que se alimentam. Ensina-me muitas coisas e, desde então, a minha mão começou a ficar esverdeada. Tenho uma orquídea a desabrochar e uma planta que depois de ter sido assassinada pelo meu felino, ressuscitou e agarrou-se à vida. Por isso, sinto-me orgulhosa e crescida. Já posso tomar conta de seres vivos. Não sei quanto tempo vai durar, mas agora estou decidida a viver o presente.
Sobre bonecos no papel, sou desorientada e não sei ler mapas, mas oriento-me com plantas.
Em dois mil e catorze depositaram em mim milhares de sementes. Uma correu mais depressa do que as outras todas, desviou-se dos piores inimigos, veloz, furou o solo e ali ficou, a germinar. Criou raízes, formou-se o caule para a sustentação e vieram as folhas para a respiração e transpiração. Foram precisos nove meses para este ser vivo se transformar no mais belo ser humano, na minha planta para a vida.
Mathilde. minha árvore. meu jacarandá.
Outros canteiros:
na Curva
na Gralha Dixit
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