a minha primeira italiana do dia é sagrada. de todos os cafés que tomo, e que nao sao poucos, o primeiro é essencial para começar bem o dia. isso e o silêncio. o olhar para o boneco. enquanto vivi nos alpes fiz isso em casa. chavena vermelha na mao, de frente para as montanhas com a sidonie nas minhas pernas a fazer ronron. aqui, o café é no café, mas mantem-se a importância daqueles minutos, essenciais, em que eu estou comigo. so que beber um café de pé nestas condiçoes so é possivel quando o café tem uma vitrine por detras do balcao, que permite demorar, ter a desculpa de estar 10 minutos parada de pé ao balcao de volta de uma chavena. sobretudo quando se bebem cafés curtos. italianas. e é por isso que a vitrina é importante para a escolha do sitio. olho para o relogio, depois para as garrafas posicionadas nas prateleiras espelhadas, depois vejo o conteudo dessas garrafas. olhos para as pastilhas, para as gomas, para o adoçante, para os copos limpos arrumados de cabeça para baixo e o espelho que reflete a minha imagem a olhar para o ar. quando o café tem mais do que uma vitrina os 10 minutos podem prolongar-se, porque ai vejo as bolachas e alguma fruta. no café onde vou de manha, ha bolos feitos em casa de alguém, feitos com sabedoria e amor e ha saquinos de bolachas caseiras. por vezes também ha romãs, tudo bem disposto numa montra impecavelmente limpa, sem dedadas. termino o meu copo com agua. limpo os labios com um gurdanapo de papel fininho, avanço para a porta dizendo "bom dia e obrigada" porque o meu autocarro ja vem ai e as minhas contemplações dizem-me que estou pronta para começar o dia.
Sem comentários:
Enviar um comentário