Vou já tratar de saber quem é que escolheu este tema. Olha eu a ser politicamente incorreta.
Hoje nem o dicionário me valeu. Ou valeu muito pouco, pronto.
Sobre lugar comum ocorre-me, primeiro, tudo o que é literal: esta casa comum que estamos a construir para nós, embora por enquanto continuemos nas nossas casas. Nesta idade é difícil voltar ao Auberge Espagnol; os transportes públicos, lugares de estudos sociológicos autodidatas e as mesas compridas em certos novos restaurantes, onde toda a gente se senta e come e bebe ao lado uns dos outros quer se conheçam ou não.
Mas o dicionário fala em banalidades, trivialidades, ideias aplicáveis a todos os assuntos
Tenho um amigo que fala muito disso e de coisas que se tornaram lugares comuns para ele, opiniões que toda a gente tem semelhantes e no mesmo momento. Por exemplo, que agora toda a gente adore o Nick Cave e a Patty Smith. Que o Wes Anderson e o Jim Jarmusch andem nas bocas do mundo. Que toda a gente vá ver o último Almodôvar (que eu goste bastante) e o Ainda estou aqui (que tenho muita vontade de ver) e que de repente todos adoremos os Santos e paguemos para ir assistir a concertos de música pimba.
Os lugares-comuns são as modas.
Seguimos o rebanho para um lugar comum, guiados por um cão pastor que não conhecemos, mas que vai atrás da carneirada obediente, que não passa os limites sob pena de ser punido.
Lugares-comuns que não passam despercebidos para mim, que ouço a toda a hora são as palavras: narrativa, singular, empatia. Dá-me cabo dos nervos (nerfs, para falar em lugares-comuns, como deve ser). Sou fraquinha.
A moda está em todo o lado e a língua portuguesa não escapa.
Sobre a empatia há dias fazia uma pesquisa bibliográfica e fui ter a um livro que saiu sobre esse tema, precisamente. Dizia que a empatia, considerada como um comportamento moral e altruísta, se tornou política e dissimuladora. Fiquei de pensar nisto e disse-o mesmo aos meus botões.
Eu sou do contra, sou advogada do diabo e sou uma pessoa-lugar-comum. Sou todas as coisas, até digo ‘colectivo’ que também está naquela listinha ali de cima. Mas gosto mais de tudo o que é incomum, sejam lugares, sejam pessoas ou coisas. É isso que me faz ‘sair da minha zona de conforto’ e pensar ‘fora da caixa’ (olha que lugares-comuns tão bonitinhos).
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